domingo, 3 de abril de 2011

OS INTOCÁVEIS #1: A VIDA É BELA

A Vida é Bela é o filme mais bonito da história do Cinema. 


Agora, do segundo parágrafo em diante, eu vou tentar listar argumentos que me ajudem a "comprovar" esta corajosa e questionável afirmação acima. Digo corajosa, porque é sempre muito difícil para alguém que ama filmes listar apenas um título quando se têm uma vasta lista de nomes que poderiam, tranqüilamente, dividir o primeiro posto. Digo questionável, partindo do simples pressuposto de que eu não vi todos os filmes da história do Cinema, logo, como posso afirmar categoricamente que tal filme é o mais belo de todos?

Se você acompanha meu blog desde o seu nascimento há quase um ano atrás, lembrará que eu inaugurei a Série "CINEMA PARADISO" falando sobre a Saga Crepúsculo. Pois bem, naquele momento, meu amigo Thiago me alertou para a besteira que estava fazendo. Dizia ele: "cara, com tanta coisa para você escrever, tinha que ser bem Crepúsculo? Assim você me decepciona." 

Confesso que não dei tanta importância para aquilo, afinal, meu objetivo era apenas comentar, despretensiosamente, o assunto que tomava grande parte do tempo das pessoas e da mídia naqueles dias. Resultado: um ano depois, me vi sendo "obrigado" a inserir nesta mesma série inaugurada por Crepúsculo, simplesmente aquele que considero ser a obra mais tocante de todas as que eu já vi e, provavelmente, das que eu ainda não vi também. Conclusão: criei uma nova série. A partir de agora, filmes deste calibre serão devidamente comentados e respeitados como merecem de fato: INTOCÁVEIS.

O melhor (espero) argumento que eu posso dar (e o único que darei) para defender a afirmação acima feita é que A Vida é Bela é maravilhoso por conta das coisas que não podem ser explicadas por palavras. Pelo menos, não com as pobres minhas. Porém, podem ser plenamente sentidas se você estiver disposto a compreender a imensidão de amor que um homem pode ter por uma mulher e por seu filho. 

No maravilhoso primeiro ato do filme, somos apresentados a Guido Orefice (Roberto Benigni), um judeu de meia-idade sem nenhum tipo de beleza ou atrativo físico, mas que se torna - através da sua habilidade comunicativa e de uma incrível capacidade de criar fantasias encantadoras - cativante, sedutor e charmoso. Nesta parte, em meio a algumas trapalhadas e diversos encontros fortuitos, Guido conhece, acidentalmente (mesmo), a carente e casada Dora (Nicoletta Braschi). A partir de então, fará de tudo para conquistar o coração da moça, ao mesmo tempo em que o domínio nazista e a perseguição contra os judeus avançava por toda a Europa.

No vídeo abaixo, compilei uma série de momentos que comprovam o que descrevi  acima. Com absoluta maestria, Roberto Benigni - o diretor e o ator - cria uma série de passagens que, dotadas de uma simplicidade e de uma ingenuidade comovente, fazem com que o coração de Dora (e também o nosso), inicialmente rígido, amoleça e permita que ela crie a coragem necessária para se livrar das amarras que a prendem, partindo, assim, para a vida ao lado do homem que a ama. Vida esta, que certamente não será nem tão rica e tão nem fácil, mas que será absolutamente verdadeira.


No segundo ato do filme, de fato começam os problemas. Pai, mãe, filho e tio são levados para um campo de concetração nazista, dando início, assim, àquela que vem a ser a mais tocante e bela seqüência da história da Sétima Arte. Guido, mesmo diante de toda a tragédia que despencou sobre seus ombros, consegue encontrar amor e forças suficientes para criar uma fantasia na cabeça de seu pequeno filho  Giosué (Giorgio Cantarini), protegendo-o, assim, do ódio e do sofrimento que, injustamente, seria imposto à uma criança inocente pela escória da raça humana.

Contando com dezenas de passagens arrepiantes, e outras tantas divertidíssimas, A Vida é Bela jamais deixa de nos surpreender e de nos encantar, mesmo quando nos damos conta de que a tragédia irá ocorrer invariavelmente. Numa delas, apenas para exemplificar, Guido, preocupado em poupar o filho da realidade vivida, assume o posto de tradutor oficial de alemão do quarto em que eles e dezenas de outros judeus se encontram. De maneira simultaneamente triste e engraçada, ele consegue seu objetivo e, ao mesmo tempo,  escancara a ridícula postura superior adotada pelos nazistas, comovendo, então, todos os demais judeus que, mesmo sem terem compreendido de fato o teor da mensagem, sentem-se incapazes de criar qualquer tipo de caso justamente por verem o tamanho da coragem e do amor que Guido precisou ter para fazer aquilo.

Porém, o que de fato torna o filme único e insuperável, é a capacidade que ele tem de reunir em uma simples frase, numa curta cena, em duas simples palavrinhas, uma imensidão de sentimentos que mesmo em dezenas de páginas eu não conseguiria descrever. Basta ver e sentir.


Já vi muita gente criticando o desfecho do filme. A estes, transcreverei as seguintes palavras que iniciam A Vida é Bela:

"
Esta é uma história simples. 
No entanto, não é fácil contá-la. 
Como numa fábula, há dor. 
E, como numa fábula, ela é cheia de maravilhas e de felicidade.
"
Encontre seu tanque.



OSS!

4 comentários:

  1. Estive pensando essa manhã e sei porque desisti de competir com o seu blog. Só pelo simples fato dele ser melhor, mais sentimental e mais culto que o meu. Não me sinto mal por isso. Sinto orgulho!
    beijos, parabéns ♥

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  2. Aí sim, velhão... Finalmente um filme que faça jús à sessão do blog.

    E mesmo preferindo o filme que dá nome à referida sessão, não sou capaz de contestar tratar-se de um dos filmes mais belos que tive o prazer de assitir na minha curta "carreira" de cinéfilo.

    Meus parabéns, minha decepção está deminuindo consideravelmente.

    P.S: Vc já deveria ter deletado a inauguração equivocada dessa sessão. Causador! Hahahaha

    OSS!

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  3. Thiagão, as vezes manter vivos os erros do passado é melhor do que apagá-los. Ao menos, diminui a chance de novamente cometê-los, não?

    Grande abraço. Oss!

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  4. Na teoria soa lindo, na prática, pelo menos no meu caso, ta longe de ser regra. Hahahaha

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