segunda-feira, 10 de setembro de 2012

CINEMA PARADISO #21 - O CHEIRO DO RALO


Neste Dia da Independência, tive o prazer de rever este que é um dos melhores e mais intensos filmes nacionais dos últimos anos. Protagonizado e conduzido brilhantemente por Selton Mello, o longa nos apresenta a Lourenço, o solitário (por opção) proprietário de um enigmático estabelecimento de compra e vendas de produtos usados. 

Mesmo tendo em seu protagonista alguém que raramente mede as palavras,  desconhece eufemismos, e é sempre muito direto com os demais, o filme, em sua essência, é extremamente simbólico e conotativo, começando pelo seu agressivo título que, de cara, nos alerta para que agucemos ao menos três dos nossos cinco sentidos. 

Sem jamais se preocupar em especular sobre a origem do personagem nem sequer sobre sua boa condição financeira (pois sempre o assistimos comprando "produtos" e nunca os vendendo), o longa já se inicia promissor ao, em seus minutos iniciais, acompanhar de perto aquele que se tornaria o maior objeto de desejo do protagonista, e, neste sentido, poderia, perfeitamente, esta postagem estar numa outra série de postagens deste mesmo blog: "Como Começar Bem Um Filme".

Permitindo que mergulhemos aos poucos naquele universo triste, degradante e deprimente de Lourenço, o diretor Heitor Dhália acerta em praticamente todas as suas escolhas para não nos tirar este prazer (mórbido). Desde a elegante maneira com que monta a caminhada do personagem de sua casa até o trabalho e vice-versa, sempre com quadros abertos e congelados, repletos de muros, portões e paredes extremamente grandes, potencializando, assim, a sensação de solidão e insignificância do personagem. Até a sábia escolha de, por saber do imenso talento do ator, sempre optar por fechar a câmera nas expressões  ambíguas e penetrantes que Selton Mello cria para o seu Lourenço. 

Escrito a partir do livro homônimo de Lourenço (!) Mutarelli, o roteiro do filme tem, em seu maior acerto, o fato de saber, perfeitamente, que a maior virtude da obra são os seus diálogos, sempre duros, secos, expositivos, mas nunca excessivos ou desnecessários. Assim, O Cheiro do Ralo, algo que naturalmente tenderia a repelir e enojar as pessoas, consegue a façanha de nos fazer querer mergulhar de nariz neste buraco fedorento.




OSS! 

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

O SOM DO CORAÇÃO #26 - LEGIÃO URBANA - TEATRO DOS VAMPIROS

Depois de alguns meses sem inspiração alguma para postar, para escrever, para ver filmes e, até mesmo para cantar, eis que venho passando por alguns dias excessivamente musicais, que se iniciaram no desbravamento de alguns velhos clássicos do Elvis, e agora passam por releituras sempre bem-vindas das obras-primas que Renato Russo nos deixou de presente.

É incrível constatar o poder de algumas canções que conseguem nos emocionar e nos fazer enxergar novos significados e interpretações em cada vez que as re-escutamos. Esta aqui sempre foi uma das minhas preferidas da Legião Urbana, especialmente nesta versão acústica que, por ter sido lançada por volta dos meus 16 anos, me remete a sensações extremamente nostálgicas. 

O legal é ficar tentando, frustradamente, escolher qual é o meu verso preferido. A música começa e lá vou eu: "é este, é este". Para alguns momentos depois refazer a escolha: "não, é esse, hahahaha".

E já que fazer essa escolha é tão difícil mesmo, o melhor é cantarmos juntos, não?

    

OSS!