quinta-feira, 11 de agosto de 2011

O CARTEIRO E O POETA #8: MOTIVO - CECÍLIA MEIRELES

Depois de dois pobres sonetos mal escritos, resolvi revitalizar esta sessão do Blog com algo verdadeiramente grandioso. Já conhecia essa poesia, provavelmente ainda na época da escola, mas há muito não a lia. Estava passeando pelo Orkut de um aluno e amigo, e não resisti em não postá-la. Obrigado, Betão, por me fazer reler e sentir a força de tão belas palavras.

Motivo

Eu canto porque o instante existe
E a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
Sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
Não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
No vento.

Se desmorono ou me edifico,
Se permaneço ou me desfaço,
- Não sei, não sei. Não sei se fico
Ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
Mais nada.

Cecília Meireles

Fazendo uso das  palavras que sei que um dia me foram ditas sobre um outro espetacular poema - Metade - de Oswaldo Montenegro, e que, certamente, valem para este também:

"Nunca conseguirei escrever nada assim."

OSS!

Um comentário:

  1. gratos somos nós a essa grande poetisa brasileira, Cecilia Meireles, que com tanta emoção e sentimento consegue traduzir em palavras, tudo que permeia a alma do ser humano !!!

    "Há pessoas que nos falam e nem as escutamos, há pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam mas há pessoas que simplesmente aparecem em nossas vidas e nos marcam para sempre."

    Cecília Meireles

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