terça-feira, 9 de agosto de 2011

CINEMA PARADISO #19: COMO COMEÇAR BEM UM FILME - ANTICRISTO

Ao ler a inusitada sinopse do novo trabalho de Lars Von Trier (Melancolia, 2011), não tive como não me recordar do seu útimo, o maravilhoso Anticristo (Antichrist, 2009).

Mesmo com todas as críticas que possam ser feitas ao desenvolvimento narrativo deste último, é inegável, inquestionável e impensável que alguém não se comova com os espetaculares cinco minutos iniciais do filme. Não se trata apenas de um gratuito exercício de estética. No vídeo abaixo, vocês verão que é possível se contar, de uma maneira extremamente bela e tocante, um fato absurdamente triste.

Usando de modo genial a combinação entre a fotografia em preto-e-branco e a super câmera lenta, o diretor dinamarquês nos conta a infeliz história de um casal que permite (?) que seu filho único despenque de uma janela exatamente enquanto eles tinham uma relação sexual. Fazendo uso artístico de cenas de sexo explícito, Von Trier consegue transformar algo naturalmente agressivo (o coito em si), em um harmônico componente narrativo, não soando, de maneira alguma, gratuito. Além disso, ele ainda recheia o seu Prólogo com simbolismos mil que serão trabalhados no restante do filme. Simbolismos estes, que certamente passarão batidos a muitos espectadores casuais ou àqueles que tenham preguiça de buscar informações que, eventualmente, serão importantes para a completa compreensão do que se está sendo mostrado.

Esta já pretensiosa combinação de elementos incomuns, ainda ganha a  moldura da bela ária Lascia Ch'io Pianga, do alemão George Frideric Handel. Por tudo isso, e, claro, por tudo a que se assistirá na seqüência, Anticristo é - certamente - um dos grandes filmes da década passada, e, sem dúvidas, um dos mais espetaculares cinco minutos iniciais da história do Cinema.


Que venha Melancolia e a melancolia.

OSS!

2 comentários:

  1. Não assisti ao filme, mas achei realmente impressionante esse trecho inicial e muito apropriadas as considerações. Vou querer ver.
    Abração

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  2. Vou gravar para vc, Diegão, depois te dou. Abraços!

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