quarta-feira, 6 de outubro de 2010

DEU A LOUCA NO MUNDO #4: FLORENTINA


Não sei o que acontece comigo. Toda vez que algum assunto polêmico aparece, sou tentado, incontrolavelmente, a fazer o papel de advogado do diabo. Por conta disso, acabo me metendo em enrascadas grandiosas, como por exemplo, ao tentar "defender" o suposto potencial cinematográfico da Saga Crepúsculo.

Não satisfeito em defender Edward e Cia., eis que, me encontro aqui pensando em argumentos que justifiquem um cidadão brasileiro dar o seu voto ao artista do vídeo acima. Sim, artista. Creio que ao menos esse ponto seja inquestionável. Podemos e devemos questionar a qualidade da sua "arte" e até mesmo do seu público, porém, fato é, o Tiririca me intriga - e muito - desde o seu surgimento no meio da década de noventa. Quem é capaz, de fato, de afirmar, categoricamente, que ele é burro? Quem consegue distinguir o ator do personagem? Confesso que não sou capaz de responder essas perguntas, e mais, o resultado das urnas tende a nos mostrar que mais pessoas têm também as mesmas dúvidas que eu.

Mais do que a vitória do Tiririca nas eleições, o que me incomodou esses dias foi o surgimento de um novo grupo de pessoas: os politizados de plantão. Por favor, não se sinta ofendido no caso de se identificar com algumas das características seguintes, veja como uma crítica construtiva.

Pessoas que, no geral, abriram o jornal nos últimos quatro anos apenas no caderno de esportes. Cidadãos que, no geral, assistem televisão apenas como descarga mental. Eleitores que, no geral, por não terem argumentos para enfatizar os porquês de um sujeito como o Tiririca não ser apto a ocupar o cargo de Deputado Federal, apenas repetem o discurso que escutaram de fulano ou ciclano no TV. E, por fim - o pior de todos - aqueles que, por serem, eventualmente, formados em alguma boa faculdade, ou terem bons empregos, sentiram-se incomodados quando constataram que, assim como o Tiririca, não sabiam qual era a função de um Deputado, e pior, tornaram-se ainda mais diminuídos perante o palhaço por não possuírem a capacidade artística nata que ele mostrou possuir, para convencer 1.300.000 pessoas a votarem em seu número. Ou seja, constatamos que o Tiririca é melhor do que você!

Agora vem a contradição: votar é coisa séria. Não votei no Tiririca. Mas, ao contrário dos politizados de plantão, entendo perfeitamente quem o fez. E não adianta vir com piadas prontas ou frases de efeito. Quero argumentos que me provem que, daqui a quatro anos, o Brasil seria melhor se outra pessoa estivesse sentada na cadeira a ser ocupada pelo criativo palhaço. Todos sabemos que tais argumentos não existem e nem irão surgir. Sabemos que qualquer outro candidato desses aí, do horário eleitoral, faria pelo Brasil o mesmo que Tiririca fará: nada. Portanto, me divirto com a idéia de imaginar os demais engravatados do Planalto, tendo que, fazer reuniões de cúpula e discutir assuntos extraordinários com o Tiririca. Esse é o castigo que eles vão pagar. Pouco, se comparado ao merecido em muitos casos, a cadeia.

Num país sério, votar num candidato como o Tiririca seria injustificável. O que justifica, no nosso caso, é o país. Um povo despolitizado e desinformado que não faz a menor questão de que isso mude. Incapaz de se organizar, promover reivindicações e protestos, apenas assiste tudo o que acontece de forma passiva e alheia. E, a partir de agora, também hipócrita. Afinal, vir pagar de sabichão depois que a "merda" está feita, é digno de risos. O que será que estes fizeram para melhorar a política nos últimos quatro anos? Quais as causas que defendem? De que protestos participaram? Sabemos as respostas, não?

Andei tendo algumas conversas interessantes com um grande amigo, e, numa delas, ele me apresentou sua grande idéia. Tentem encontrar algum furo pois eu ainda não consegui: "O voto é um direito democrático de todos. Porém, para poder exercer o seu direito, o cidadão teria de fazer um curso (gratuito) e prestar uma prova ao seu término. Assim como ao tirar CNH. Nessa prova, ele receberia uma nota que determinaria o "peso" do seu voto. Caso não atingisse o mínimo necessário, deixaria de votar na eleição atual, tendo de repetir o processo todo para se habilitar para a próxima."

Enfim, comentem ou façam eventuais perguntas. Isso é assunto para muitos posts.

Caso eu não tenha conseguido ser objetivo o suficiente até aqui, aí vai: o motivo do post é explicitar que eu preferiria votar no Tiririca a ser um desses politizados de plantão. Sob tortura, o primeiro me faria sofrer menos do que o segundo.

No fim das contas, vejo o recado com muita clareza: já que os políticos pretendem continuar nos tratando como palhaços, ao menos aprendam com o Mestre!


OSS!

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