Atualização:
Ontem, assisti Capitalismo - Uma História de Amor (2009), e, mesmo enxergando alguns pontos contraditórios entre as atitudes de Michael Moore e o que ele prega, não há como negar o grandioso serviço que uma obra dessa magnitude presta à sociedade. Inegável também é ver que, com o passar dos anos e a consequente fama alcançada, tornou-se muito mais difícil para o cineasta recriar aqueles momentos fatídicos de constrangimento a que estávamos habituados. De todas as obras do diretor, sem dúvida esta foi a que mais me perturbou. As anteriores me causavam, acima de tudo, um sentimento de indignação. Nesta, Moore conseguiu me fazer sentir parte da corja que ele tanto recrimina.
A questão é: será que ele também não é parte? Faça o que eu digo, não faça o que eu faço!
CAPITALISMO - UMA HISTÓRIA DE AMOR (Capitalism - A Love Story, 2009) -
OSS!
Nascido em Flint, Michigan, Michael Moore (56 anos) é um daqueles sujeitos que ama-se ou odeia-se. Documentarista extraordinário, dono de um humor ácido e irônico e hábil entrevistador, o displicente gorducho estreou na direção no ótimo Roger e Eu (1989), no qual confrontava, em sua cidade natal, a montadora General Motors e seus constantes "cortes de orçamento". Mas foi mesmo em Tiros em Columbine (2002) que o diretor encontrou o caminho ideal para seus filmes. Em busca de compreender os motivos da violência nos Estados Unidos, usando como argumento o episódio ocorrido no Colégio Columbine, em 1999, Moore sai em jornada em busca de respostas que tentem justificar a compulsão dos norte-americanos por armas de fogo, traçando paralelos com as taxas de desemprego e buscando relacionar o episódio com a própria história americana. Apenas dois anos depois, Michael Moore acertou, novamente, em cheio no espetacular Fahrenheit 11/9 (2004), no qual volta suas questionadoras lentes para o atentado terrorista de 11 de Setembro de 2001. Disposto a esmiuçar o episódio e a humilhar aqueles que ele julga serem os verdadeiros terroristas, Moore consegue chocar a todos com sua capacidade de expôr os entrevistados às suas próprias mediocridades, capacidade esta, que já se enunciava nas obras anteriores. Certamente favorecido pela fama que conquistou ao longo de anos, e, principalmente, depois de conquistar o Oscar em 2003, Moore me intriga pela capacidade que possui de compilar documentos, provas, fatos e arquivos, editando-os habilmente, fazendo com que o seu ponto de vista seja, praticamente, inquestionável. E isso nos leva ao sensacional SICKO - $O$ Saúde (2007), onde Moore, usando todas as informações e contatos que, certamente, juntou ao longo das décadas de trabalho, escancara os podres da indústria da saúde Norte-Americana. Chegando ao absurdo de citar, numericamente, o valor dos cheques recebidos por dezenas de congressistas e senadores favoráveis às políticas institucionalistas, e, rebatendo àqueles que o acusam de dirigir os seus documentários a mando da oposição, Moore, assim como já o tinha feito em Fahrenreit 11/9, não poupa o partido Democrata, enumerando também o cheque recebido por Hillary Clinton. Especialista na arte da auto-promoção, Michael Moore encerra o filme contando o episódio (mostrado no trecho acima), no qual ele, anonimamente, envia Doze Mil Dólares para o sujeito que detém o maior site anti Michael Moore dos EUA, com o objetivo de ajudá-lo nas despesas de saúde que teria com sua esposa.
Mesmo que muitos não concordem com seus argumentos, nem com os meus, tampouco com o título dessa postagem, não há como negar que o cara foi, ao menos nesse episódio, GENIAL!
OSS!
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