Venho me tornando um sujeito meio estranho para algumas coisas. Isso muito me preocupa, afinal, se já me dou conta disso aos 27 anos, sabe-se lá o que o futuro me reserva. Explico: entendo como "normal" uma pessoa gostar de escutar uma música pela qual nutra carinho e que traga boas memórias. Entendo como "normal" uma pessoa querer rever um filme de que tenha gostado ou adorado ou amado. Pois bem, ando me comportando exatamente da forma oposta. Tenho evitado, completamente, rever ou reescutar quaisquer coisas que me tragam boas lembranças, justamente pelo medo de danificar as memórias originais. É coisa de maluco, não? Mas acontece.
Fiz toda essa introdução apenas para valorizar ainda mais o vídeo que postarei abaixo. Trata-se de um pequenho trecho da grandiosa obra da animação Mary e Max (Mary and Max, 2009), que retrata a amizade construída - por cartas - entre uma garotinha australiana de 7 Anos (Mary) e um novaiorquino quarentão (Max, claro).
Sem entrar muito em detalhes da trama, apenas explico que, em determinado momento, Mary pensa em tirar sua própria vida por achar que esta não está mais valendo a pena (e pensar que alguns pais levaram os filhos na sessão em que eu estava, pensando se tratar de uma animação infantil convencional).
Pois bem, a cena é contruída de um modo magistral, embasbacante, tanto é que permaneceu na minha cabeça por todos os dias que se seguiram, e, há dois dias tento revê-la no YouTube, mas nunca, de fato, o faço. Toda vez em que vou dar o "play", acabo desistindo por medo de destruir o encanto inicial provocado.
A cena só atinge tão grandioso resultado pela combinação impecável entre música, cores, movimentos e, especialmente, sensibilidade. Esta última, presente em pequenos detalhes ainda indecifráveis a mim, e em outros tantos, que ilustram com tamanha sabedoria e sutileza os dramas experimentados pela jovem garotinha. No centro disso, Mary praticamente rege o tema de sua despedida, tentando tornar-se, de fato, maestrina de suas próprias decisões, porém, envolta ainda pelas dúvidas e incertezas típícas de uma criança.
Obviamente, assisti-la - isoladamente - tira grande parte do impacto. Por isso, caso você seja de Ribeirão, corra ao Cineclube Cauim enquanto há tempo.
Bom, caso um dia esteja de mal com a vida, pensando em besteiras do tipo "suicidas", aí vai minha dica: monte um cenário fantástico, coloque uma corda no pescoço, ponha para tocar aquela trilha sonora especial, mexa os braços em êxtase, feche os olhos, sinta a emoção, gire, gire e...
... torça para o vizinho bater na porta. Que será, será!
MARY E MAX (MARY AND MAX, 2009) -
OSS!
Meu amor, maluquinho lindo!!!
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