quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

SHOGUN #1: NAGAHAMA - KYOTO

Queridos amigos, outro dia me peguei fazendo-me uma pergunta que, de certa forma, sintetiza a sensação de estar em um lugar tão diferente do seu habitual: 

"É possível se perder em um lugar onde você nada conhece?" 

Conceitualmente, não. Certo? Pois bem, em apenas dois dias de Japão, já fui obrigado a rever meu próprio conceito, ao me ver forçado a  escolher apenas um acontecimento que ilustrasse o que tem sido - e o que será - essa experiência fantástica por terras nipônicas.

Muito mais do que apenas tirar fotos aleatoriamente, eu gosto de sentir o local, sentir as pessoas. Tentar entender o que se passa na cabeça delas, quais são seus valores, seus pudores e seus temores. E, neste aspecto, por muitas vezes, uma simples caminhada pela rua, uma corriqueira ida ao shopping center ou uma viagem de trem, pode ser muito mais valiosa do que visitar um belo templo ou um monumento turístico importante.

O problema (ótimo), é que aqui estou tendo a oportunidade de fazer as duas coisas ao mesmo tempo. E, mal posso esperar para, no fim de tudo, compartilhar com vocês essa experiência humana fantástica. Por enquanto, farei o que todos fazem: fotos e fotos. 

Nagahama - o aquecimento global não chegou aqui.
Impossível "tombar" a neve.
Muita neve.
Kyoto - Templo Kinkakuji - O mais belo lugar que já visitei.
Oss!
Cartão-Postal.
Mais um.
Três gueixas na frente - Três adolescentes "modernas" atrás.
Cuidado comigo gueixinha...
Cada esquina de Kyoto tem um desses.
Mas este é especial.
Templo da Deusa Kannon.
 Torre de Kyoto.
Turista total.
O Templo e a Coca-Cola...

BANZAI!

OSS!

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

GLADIADOR

Depois de 11h de viagem, cheguei ao primeiro destino: Roma. Como a conexão com o vôo para Tóquio era de 8h, deu tempo de pegar um táxi e conhecer alguns locais relativamente importantes para a humanidade, tais como, o Coliseum e a Cidade do Vaticano. Obviamente, os maiores detalhes virão depois, mas, já dá pra irem curtindo algumas fotos.

Chegando para te pegar Russel...
 Tombando patrimônio da Humanidade.
 O ar Romano é diferente.
 Vaticano.
 
 Fontana di Trevi.
Tombando patrimônio da Humanidade.

Bom, tem muito mais, mas por ora, é isso. E como diria Brad Pitt em Bastardos Inglórios:

AURIVEDÉRTI.

OSS!

sábado, 15 de janeiro de 2011

A PARTIDA





"
Dizem que o Japão foi formado por uma Espada
Dizem que os antigos Deuses enfiaram uma Espada de Ouro no Oceano,
E, quando a retiraram, quatro gotas perfeitas respingaram no Mar.
E, essas gotas tornaram-se as ilhas do Japão.


Eu digo que o Japão foi formado por um punhado de Homens Valentes.
Guerreiros dispostos a dar sua própria vida,
Pelo que parece ter se tornado uma palavra esquecida:


HONRA! "


O Último Samurai


Estou indo lá ver se este papo todo é mesmo verdade. Depois conto para vocês.


Até logo!


OSS!

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

CINEMA PARADISO #11: CLOSER

 
"... eu sou um observador clínico

... do circo humano."


Por mais que eu as procure, não encontrarei melhores palavras para definir a experiência absolutamente perturbadora que é assistir Closer - Perto Demais (2004). A frase dita por Larry (Clive Owen), enquanto degustava, despretensiosamente, um aperitivo qualquer, retrata, com perfeição, a posição em que o espectador se sente ao longo de todo o filme. E mais do que isso, certo é que, por muitas vezes, torna-se possível se enxergar como parte integrante daquele circo.

Escrito por Patrick Marber e dirigido - brilhantemente - pelo veterano cineasta Mike Nichols (A Primeira Noite De Um Homem), o filme gira em torno das reviravoltas na vida de dois casais, Dan (Jude Law), Alice (Natalie Portman), Anna (Julia Roberts) e o já citado Larry, pessoas estas, cujo o acaso acabou por unir. E, neste sentido, vale dizer que o cartão-de-visitas do diretor já nos é entregue na maravilhosa cena de abertura do longa, na qual somos apresentados à sofrida e bela canção Blower´s Daughter, de Damien Rice.


Sobre esta cena, confesso, era a intenção inicial desta postagem apenas mostrá-la e enumerar os muitos pontos que a fazem tão singular e tocante. Ao revê-la dezenas de vezes nos últimos dias, me senti compelido à rever o filme todo, o que me levou a mudar de idéia e ampliar o comentário, merecidamente, para todo o longa. 

Dito isto, não há como deixar de apreciar a beleza da abertura. Desde o instante em que a música começa, e  somos forçados à ver o letreiro indicando o nome do filme a partir de uma distância agressivamente próxima, Nichols denuncia saber o poder do material que tem em mãos. Plenamente consciente do magnetismo exercido por Natalie Portman e seu cabelo vermelho, o diretor sabe que nada mais precisará fazer, exceto deixar que Jude Law caminhe, lentamente, na direção da garota. A partir disso, o que se vê é o prenúncio da brilhante atuação que o par irá nos entregar no restante do filme. Observe, por exemplo, o esboço de sorriso que surge nos lábios de Alice e que é - prontamente - respondido por Dan com um olhar de espanto, como se dissesse: "será que ela está olhando para mim?" - E, ao receber como tréplica o  lindo sorriso da garota, Dan não consegue conter a vaidosa satisfação que este lhe causa, criando um momento particularmente belo de tímida felicidade no instante em que abaixa o seu olhar.

O nível de sintonia entre os dois (atores ou personagens, não sei) é tão grande, que Alice, ao reabrir os olhos após ser atropelada e pronunciar as palavras que servirão, eternamente, como marca registrada do filme, "hello stranger!", faz com que Dan, agora sim, deixe escapar um sorriso maior e mais pretensioso, nitidamente sabedor de que, daquele ponto em diante, sua vida nunca mais será a mesma. Ouso dizer, nem as nossas, pois, ao ver tudo isso acontecer em apenas dois minutos de projeção, penso ser impossível não se emocionar e se encantar diante das grandiosas perspectivas daquilo que iremos testemunhar na sequência.

O circo humano de Closer é constituído por quatro integrantes que têm, em comum, uma mesma arma: as palavras. Logo, muito mais importante do que se preocupar em inventivas trucagens de direção, Mike Nichols apenas liga sua câmera, aproxima sua lente, e deixa que seus personagens lancem suas bombas verbais. E, nesse aspecto, o que torna os diálogos ainda mais interessantes, é a consciência que os personagens possuem do poder de suas palavras, fazendo com que todas as cenas do longa assumam um caráter importantíssimo e ajudem o espectador a montar o estereótipo de cada um dos quatro. O que, especificamente neste filme, não levará a nenhuma conclusão.

 
 "Qual seria o meu eufemismo?"
 "Ela era desconcertante..."
"Isso não é eufemismo."
 
 "É sim!"

Porém, muito mais importante do que simplesmente analisar e entender o universo daqueles quatro personagens, suas fraquezas, suas motivações, suas inseguranças e suas frases de efeito, deve-se perceber que Closer, dolorosamente, funciona como espelho do mundo ávido e cruel em que vivemos, refletindo a nós mesmos. Mundo este, em que a verdade não encontra espaço, cedeu seu lugar para uma sucessão de mentiras em cadeia que, depois de proferidas repetidamente por muito tempo, tornaram-se as verdades daqueles indivíduos.

E, para ilustrar isso de maneira brilhante, Nichols fecha o filme, usando uma metáfora visual belíssima, nos levando de volta a um determinado parque por onde dois personagens tinham passado no começo do longa. Ao rever o filme, é possível notar que, ainda na cena inicial, prositalmente, o inteligente diretor afasta sua câmera no momento em que os personagens vão entrar no local. Simultaneamente, uma dolorida trilha sonora os acompanha, como se enunciasse que a verdade posteriormente descoberta ali, seria capaz de causar enorme dor a quem a recebesse.


Evidenciando, ainda mais, sua intenção de criar um universo comandado por falsos valores, durante todo o filme uma única comprovada verdade é desnudada. E utilizo este  termo, pelo fato de, mais uma vez de forma brilhante, o diretor esbanjar sensibilidade ao, simultaneamente, exibir a estonteante beleza de Natalie Portman e pronunciar a aguardada revelação. Porém, ainda mais triste é a recepção que esta revelação tem, nos fazendo concluir que, em um mundo dominado por amizades de mentira, relacionamentos de mentira e vidas de mentira, uma única verdade torna-se descartável.

"Eu quero que me diga seu nome verdadeiro!"
 "Meu nome verdadeiro é Jane." 


CLOSER - PERTO DEMAIS (Closer, 2004) -
OSS!


terça-feira, 4 de janeiro de 2011

O CARTEIRO E O POETA #2: SONETO DA FIDELIDADE

SONETO DA FIDELIDADE

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Vinícius de Moraes

Poesias são coisas de outro planeta, não? Como já disse anteriormente, não entendo de literatura. Tampouco sou um estudioso do assunto, mas, se me é permitido ser apenas um apreciador, é o que faço então.

Primeiramente, me dá inveja a liberdade de escrita e o alcance permitido pela poesia. Digo que me dá inveja, pois não sou capaz de me comunicar através de poemas, sendo, então, obrigado a escrever parágrafos e parágrafos, páginas e páginas, para dizer algo que, possivelmente (e provavelmente), poderia ser dito em uma única estrofe, pra não dizer verso.

Olhando para este Soneto, então, já me imagino escrevendo uma dezena de páginas para tentar dizer algo próximo (ok, nem tanto) do que foi dito, magnificamente, por Vinícius de Moraes. Em vez de fazer isso, esperto que sou, farei o que os incapazes fazem: criticam.

Mais do que analisar a estética do Soneto, dizer que as rimas são intercaladas nos quartetos e misturadas nos tercetos, dizer que os versos são todos decassílabos, ou citar qualquer outro tipo de informação técnica, torna-se irrelevante diante da magnitude do que está sendo dito pelo autor.

Parece-me (e aí já posso estar delirando) que, muito mais do que valorizar a fidelidade à sua amada, Vinícius preza, acima de tudo, ser fiel aos seus sentimentos, justificando, assim, a mortalidade do amor.

"De tudo ao meu amor serei atento"

Neste verso, de cara, Vinícius já dá o tom de sua poesia. Sinto que ele quer dizer que estará atento ao "seu" amor (o amor dele), ao "seu" sentimento (ao que ele sente). E o emprego do pronome possessivo "meu" é, propositalmente, confuso. A primeira interpretação que vem à cabeça de todos, é a de que ele iria devotar sua atenção à sua amada, dando à expressão "meu amor" o sentido de substantivo concreto. Pode ser, mas eu vejo de outra forma. Vejo que o "meu amor", nada mais é do que o substantivo abstrato que sempre foi e não tem um nome específico. Talvez eu esteja analisando de forma demasiadamente egoísta. Talvez, o uso do pronome "nosso" esclarecesse essa dúvida. Talvez, esclarecer seja - exatamente - o que os poetas não querem.

Com isso, ele não se contradiz ao dizer que pretende viver o "seu amor" em sua plenitude. Justifica o zelo, justifica o canto, o riso e o choro, afinal, é a sua (dele) felicidade que está em questão. E, para isso, está disposto a se doar até a morte, se for o caso, desde que sinta que ainda trata-se de um amor que valha a pena.

"Quem sabe a morte, angústia de quem vive"
"Quem sabe a solidão, fim de quem ama"

Em contrapartida, no primeiro terceto, o poeta nos dá a dimensão e a grandeza do seu amor e de sua devoção ao enumerar apenas duas razões que poderiam matá-lo: morte e solidão.

Conformismo e pessimismo são as marcas desses dois versos. Ao dizer que,"mais tarde" a morte ou a solidão irão "procurar" por ele, o poeta prenuncia o fim do amor. Seja de forma incontrolável - a morte - ou de forma mundana - a solidão. Neste caso, causada - ao meu ver - pelo fim do amor da amada e não o dele próprio, visto que ele faz uso do verbo "amar" no presente e não no pretérito.

Por fim, no último terceto, aparece a parte mais bela e famosa do Soneto:

"Eu possa me dizer do amor (que tive):"
"Que não seja imortal, posto que é chama"
"Mas que seja infinito enquanto dure."

Os dois últimos versos são os mais famosos e sempre recitados, aleatoriamente, conforme a conveniência de quem o faz. Porém, o que me chama mais a atenção neste terceto, é o primeiro verso. Dessa vez, ao escolher o pronome oblíquo me (primeira pessoa), o poeta deixa evidenciar uma preocupação em justificar para si próprio a grandeza e a magnitude do amor que viveu, como se, de uma maneira bem discreta, abrisse margem ou previsse autoquestionamentos futuros do tipo:

Será que eu fiz tudo o que podia para manter viva a chama do amor?

Não sei, mas, ao menos, foi infinito enquanto durou.

"e deita a cabeça no travesseiro e sorri e dorme."

Ok, esse verso é meu, mas bem que poderia ser seu, não é Vinícius? Seria melhor, claro!

OSS!