(GREEN PLANET, 2003)
Essa semana, resolvi rever algo pelo qual nutro muito carinho e, afirmo, teve grande importância em me ajudar a optar pelo Karate, uma década atrás. Trata-se da série animada japonesa - o Anime - Street Fighter 2 Victory. Mas, antes de falar da sensacional série, vou aproveitar o momento para contar os motivos que me levaram a procurar as Artes Marciais.
No ano de 1999, com 16 anos de idade e em plena adolescência, a busca por auto-afirmação era gigantesca. A estúpida vontade de crescer logo, de se tornar mais forte, mais peludo, dirigir, namorar, e a necessidade de se estabelecer como homem (não mais garoto!) é o que leva muitos jovens, como eu, a buscar, nos tatamis, a solução de seus problemas. Hoje, dando aula para jovens dessa mesma idade, sei exatamente o que eles esperam do Karate, afinal, ainda tenho vivas em minha memória, as minhas aspirações.
(NIPPON COUNTRY CLUB DE ARUJÁ, 2001)
O Karate, escolhido praticamente de modo aleatório num vasto universo de opções marciais, serviu, para mim, como um canalizador de toda a energia que existia no meu corpo e mente. Cumpriu, com perfeição, o propósito de trazer mais serenidade, disciplina e auto-confiança, me transformando por completo, e, não temo em exagerar, dividindo minha vida em duas eras: Antes do Karate e Pós-Karate.
(FAIXA MARROM, 2002/2003)
A cada manhã em que eu acordava para os meus treinamentos matinais, sentia um prazer enorme em vestir o Kimono e a faixa, seja de que cor fosse. Prazer maior do que esse, apenas o da sensação do dever cumprido, pós-treino. Ir e voltar da academia de bicicleta era uma terapia, afinal, sentir que não dependia de mais ninguém para construir aqueles momentos, era um barato danado.
Tive sorte e até hoje agradeço por isso. Escolhi o lugar certo, na hora certa. O ambiente era acolhedor de todas as maneiras possíveis, fazendo com que, nem mesmo um incidente (ou acidente mesmo) no meu primeiro dia de aula, fizesse-me cogitar parar de treinar (levei um Mawashi-Geri na boca). Muito pelo contrário, os desafios que apareciam, dia-a-dia, apenas me confirmavam que aquele era o meu lugar, e que eu deveria ser forte, ou, ao menos, me tornar forte para suportá-los.
Treinar Karate foi algo a que me dediquei como nunca havia me dedicado antes em minha vida. E valeu demais cada gota de suor, ou sangue... ou dente.
(MINHAS MÃOS COM TREINAMENTO PROLONGADO DE MAKIWARA)
Só que, infelizmente, com o passar do tempo, as aspirações iniciais vão perdendo cada vez mais espaço para as necessidades, já que, aquilo que começou como "brincadeira", tornou-se trabalho, e, sendo assim, cercado de responsabilidades, métodos e rotinas.
Mais uma vez digo: tenho sorte! Trabalho com o que amo. Tenho amigos e alunos incríveis, e sei que terei cada vez mais. Mas não posso nunca deixar desaparecer aquela chama inicial. Afinal, se as pessoas me procuram para aprender, se confiam seus filhos a mim, é porque, de alguma forma, enxergaram isso no meu olhar. E, nesse sentido, será de grande valia rever uma série que retrata, com tanto amor e com tanta fidelidade, um sentimento muito puro e verdadeiro de amor ao Karate. Sentimento que eu compactuo em sua totalidade.
(COMPANHEIROS DE TREINO)
Assim que terminar de rever todos os episódios, farei os devidos comentários que a série merece. Por enquanto fica a indicação. Bons desenhos!
OSS!