É muito difícil escrever a respeito das coisas de que gostamos excessivamente. Cada vez que vou falar sobre Karate, me pego medindo cuidadosamente as palavras, a fim de transmitir, fielmente, todo o sentimento que nutro pelo assunto. O mesmo ocorre com Cinema. Porém, nesse momento, venho confessar-lhes que, nem um nem outro, foram, de fato, o meu primeiro amor.
O dono desse título é um velho de 96 anos de idade recém-completados: Sociedade Esportiva Palmeiras.
Apesar de possuir muitas fotografias nas quais eu aparecia, ainda mais novo, vestindo camisas do Palmeiras, minhas primeiras lembranças futebolísticas são de 1990 aproximadamente. Com apenas 7 anos de idade, lembro-me, vagamente, de ter visto, ao vivo, Caniggia eliminando o Brasil nas oitavas-de-final da Copa do Mundo da Itália daquele ano. De fato, não é algo que eu escolheria como primeira lembrança, caso tivesse essa opção.
Dois anos depois, pela primeira vez assisti o Palmeiras disputar um título. Era o Campeonato Paulista de 1992. Muito mais importante do que hoje, o Paulistão de antigamente não era erguido pelo Palmeiras há 15 anos, não o sendo também naquela oportunidade onde fomos derrotados pelo São Paulo de Raí e Cafu.
No ano seguinte viria a redenção. Uma verdadeira seleção foi formada graças à parceria Palmeiras/Parmalat. Jogadores de altíssimo nível como o goleiro Velloso, Cléber, Antônio Carlos, Roberto Carlos, Zinho, Mazinho, Edmundo e Evair eram apenas alguns dos muitos craques que compuseram aquela equipe.
Como não poderia ser diferente, depois de 16 anos de espera, o título veio num embate heróico contra o arqui-rival Corinthians. Após ser derrotado na primeira partida das finais por 1 a 0, e querendo muito responder ao corinthiano Viola que imitara um porco ao fazer o gol da sua equipe, o Palmeiras atropelou o adversário no segundo jogo, vencendo por esmagadores 4 a 0. Era o fim da fila e o começo da festa.
No mesmo ano, conquistamos também o Tri-Campeonato Brasileiro em cima do Vitória/BA. A confirmação do sucesso da parceria Palmeiras/Parmalat veio no ano seguinte, 1994, quando vencemos, novamente, o Bi-Paulista e o Tetra-Brasileiro (contra o Corinthians, outra vez). Infelizmente, nem tudo eram glórias. Deixamos de conquistar a Libertadores da América, tendo um time mais forte do que o São Paulo. A torcida precisou esperar um pouco mais para ver o tão sonhado caneco Sul-Americano sendo levantado.
No Campeonato Paulista de 1995, uma grata surpresa: as finais aconteceram em Ribeirão Preto. Pela primeira vez, tive a oportunidade de assistir, in loco, a disputa de um título de futebol e, melhor ainda, com Palmeiras e Corinthians novamente na parada. Infelizmente, o desfecho dessa história também não foi favorável aos Palmeirenses, mas, sem dúvida, a festa na cidade foi sensacional e inesquecível.
Em 1996 haviam duas seleções brasileiras. Uma do técnico Zagallo. E a outra, de Vanderlei Luxemburgo. Esta última, sim, o melhor time que já vi em toda minha vida. O time formado por Velloso, Cafu, Cléber, Sandro e Júnior; Flávio Conceição, Amaral, Djalminha e Rivaldo; Muller e Luisão; passeou pelos gramados brasileiros no primeiro semestre daquele ano, distribuindo goleadas a todos que ousavam entrar em seu caminho. Conquistando o Paulistão com mais de 100 gols, o único vacilo foi não ter conseguido conquistar a Copa do Brasil, sendo derrotado, na oportunidade, pelo Cruzeiro. Mas a revanche não tardaria por chegar.
O mais perto que chegamos do pentacampeonato brasileiro aconteceu em 1997. O vice-campeonato contra o Vasco da Gama, de Edmundo e Evair, ocorreu com dois empates sem gols. Era o início de mais um longo período longe de vencer o principal campeonato nacional do país.
Por outro lado, em 1998, foi dada a largada em busca da glória suprema do Alviverde Imponente. Com a chegada do copeiro Luís Felipe Scolari, o Felipão, fomos campeões, de maneira heróica, da Copa do Brasil. A vitória ocorreu no Estádio do Morumbi contra o Cruzeiro. A derrota de dois anos atrás estava devidamente vingada e o primeiro passo em busca da conquista da América fora dado.
Ainda em 1998, foi disputada a primeira edição da Copa Mercosul. O torneio contava com os times mais populares de cada país sul-americano, além de servir como prévia da Copa Libertadores a ser disputada no ano seguinte. Então, pela segunda vez na minha vida, tive a oportunidade de assistir uma final de Campeonato no estádio. Dessa vez, foi no Palestra Itália e o adversário, novamente, o Cruzeiro. Diferentemente do que aconteceu na primeira oportunidade, ao término da partida, foi só alegria. Presenciar o seu time do coração sendo campeão, é uma emoção pela qual todas as pessoas deveriam passar ao menos uma vez na vida. É indescritível.
(Por enquanto chega de falar do Palmeiras. Logo continuo de onde parei.)
OSS!