quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

O CARTEIRO E O POETA #14 - PATIENCE / ESPERA

Um pouco de "patience" sempre ajuda.


Quase nunca escrevo algo direcionado especificamente à alguém.

Quase...

ESPERA

Espero,
Não só por ser o que quero,
Tampouco a ti por ser quem venero,
Dito isso, repito, reitero,
Te espero.

Espero,
Ainda que dias em vão sejam,
Noites de solidão latejam,
Pranto, canto a que todos vejam,
Te espero.

Espero,
Pois já não volta o que foi vivido,
O abraço dado e que foi sentido,
Um para sempre é todo meu pedido,
Se para a história escrever contigo,
Te espero.

Espero,
Novamente da pele o resvalar,
De desejo o olhar se encontrar,
Do seu peito o palpitar escutar,
Para que em cada batida certo afirmar,
Te espero.

Te espero,
Sei que sozinho não me senti assim,
Eu por você, você por mim,
Vero!
E que o início não torne o fim,

Espero!

Danilo Peres

OSS!




quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

O CARTEIRO E O POETA #13: ELE / ELA

Escrever é muito difícil. Provavelmente, possivelmente, em uma lista de coisas absurdamente complexas, o ato da escrita, da boa escrita, se situe nos mais altos graus de dificuldade, ao lado, talvez, do Ballet, do Xadrez, e de rir ao ver Zorra Total.

E como a minha escrita não é boa, longe disso, passo temporadas e temporadas sem conseguir escrever uma única linha sequer, sendo assim, obrigado a apelar para esses carinhas aí da postagem anterior.

Eu nunca conseguirei escrever nada semelhante. Aliás, me comparando a alguém assim, sou de fato um semi-analfabeto. Ou analfabeto mesmo. Deve ser a mesma sensação de que entrar numa piscina para nadar com o Phelps. Algo digno de pena.

Mas, corajoso que sou, insistente, eis que, depois de muito tempo, as palavras (mesmo que pobres) voltaram, e consegui escrever isto:

ELE / ELA

Ela amava ele.
Ele era um personagem,
E no palco de sua vida,
Ressentida ainda era a dor da partida.

Ele amava ela.
Ela era uma miragem,
Que como tal, via o que não havia,
Abusava de errar mais que podia.

Ela amava dele,
O sorriso, o juízo, o carinho preciso.
O jeito, o mal-feito, o tato perfeito.
Mas isso nunca fora suficiente.

Ele amava dela,
A alegria, a companhia, a risada do dia.
A rotina, a endorfina, o olhar de menina.
Mas ainda assim era carente.

Ele ama ela.
Já que amor não morre na dor,
E se dói é porque ainda há,
Diferente, transformado, mudado de cor.

Ela ama ele.
Do seu jeito estranho, esquisito,
Mostrando sempre grande conflito,
Por fora agredindo, por dentro bonito.

Mas assim tem de se eternizar o amor dele,
Se não na capela, que seja na tela,
Pois como tal o dela também deve ser,
E nada tão belo se há pra dizer:

Ela era ele.
Ele era ela.

Danilo Peres

OSS!